
Há um certo tempo tenho observado e refletido sobre o comportamento humano. Pessoas de todas as idades, de todas as raças, de todos os credos, de todas as classes econômicas comigo convivem, diariamente, quer como alunos quer como clientes no Hospital Universitário ou no consultório. Não excluo desta experiência que vivo os encontros sociais dos quais, rotineiramente, participo.
Na minha imaginação de criança e adolescente lembro-me de distinguir as pessoas pela beleza. As meninas da minha geração, apenas, desejavam namorar os meninos mais bonitos. Qualquer outra qualidade somaria e também seria importante. No entanto, como cantou Vinicius de Morais “a beleza era fundamental”. Era uma época de ingenuidade e de sonhos. Muito cedo, porém, percebi que havia algo mais entre as pessoas, que as diferenciava. Era alguma coisa intangível, que não se enxergava, mas se percebia. E aquela singularidade entre os seres humanos me atraía, mesmo sem que eu entendesse exatamente o que ela significava. Por exemplo, ao conviver com as pessoas eu admirava aquelas que ousavam mais. Que tinham coragem de expor os seus pensamentos, mesmos que esses não correspondessem aos da maioria. Aquelas que defendiam idéias e pessoas mesmo que o sistema as quisesse aniquilar. Quando completei 18 anos e me tornei eleitora, o Brasil emergia das trevas e se iniciava o processo de redemocratização. Desde essa época comecei a filiar-me a partidos políticos, não os mais convenientes, geralmente, encontrava-me do lado oposto do poder. Não por ser simplesmente do “contra”, mas por achar que as mazelas herdadas pelo Brasil no período dos generais exigiam mudanças firmes e corajosas. Mesmo sem ter à época um conhecimento político mais consistente, a filiação partidária era e continua sendo, para mim, tão importante como uma carteira de identidade .
A atitude de acomodação nunca integrou a minha conduta de vida. Sempre levei as coisas muito á sério. Nunca assumi nada superficialmente. Professava e professo a religião, católica até hoje, com fé e com muito respeito, engajada mesmo nos caminhos de Cristo. Com a Medicina não foi diferente. É a minha profissão, aquela que me constitui melhor e a ela tenho dedicado muito tempo de estudo e trabalho. Na verdade desde muito jovem descobri em mim, a pessoa que tinha posições e ações definidas sobre os mais variados assuntos. Algumas vezes, pela teimosia, não me dei tão bem. Simplesmente eu tinha atitude, antes mesmo de saber o significado desta palavra. Hoje sabemos o que é atitude. É uma palavra que está na moda, mas que sempre existiu desde os primórdios da humanidade. Segundo o Aurélio é o modo de proceder ou agir; comportamento ou procedimento. Há atitudes boas e más. Há a omissão ou a falta de atitude. Decidir pelo que é mais justo, e muitas vezes contrariar os nossos próprios interesses em favor da coletividade é ter uma atitude coerente frente às necessidades da vida. Alagoas vive 50 anos de atraso em relação ao resto do Brasil. Segundo informações da Fundação Getúlio Vargas é o Estado que mais depende destes programas assistencialistas, e que tem índice de desenvolvimento piores do que os do Maranhão. Atitudes de negligência frente ao patrimônio público, falta de coragem e interesse em combater a corrupção são responsáveis pelos imensos danos causados a população, sobretudo a mais carente. Acreditar mesmo que as evidências apontem a vitória da corrupção sobre dignidade, e lutar para mudar este placar é uma atitude de coragem. Desistir da luta e fingir que está tudo bem, quando se tem uma situação pessoal econômica estável mesmo quando sabemos que há uma legião de famintos e analfabetos em Alagoas é uma atitude covarde. Buscar caminhos, apontar soluções, colocar-se à disposição e não acomodar-se a situações que condenam o nosso povo a uma persistente falta de oportunidades de crescimento individual e coletivo, é uma atitude imprescindível neste momento.
O Brasil necessita de pessoas que não percam a capacidade de indignar-se. Alagoas urge por uma renovação moral e intelectual. Por isso sou candidata a deputada estadual. Enfrentarei com fé e com coragem mais este desafio.
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